Primeiro técnico negro na elite da Ucrânia, Gilmar Tadeu faz história

Foto: divulgação

O Campeonato Ucraniano conta com vários brasileiros dentro de campo, mas um em especial vem ganhando destaque fora das quatro linhas. Trata-se de Gilmar Tadeu, o primeiro negro a comandar uma equipe na elite do país. Ele é o treinador do FC Lviv, conta com o diploma da Uefa e comemora o feito de poder apresentar o seu trabalho. Gilmar já viveu casos de preconceito e deixa claro que vem conquistando respeito e confiança com seu trabalho.

Para conseguir uma vaga na elite da Ucrânia, Gilmar Tadeu precisou pegar o diploma de treinador da Uefa. Foram quatro anos de estudos, e um período intenso como auxiliar no Metalurg Zaporizhzhya. Vivendo na Ucrânia há nove anos, e casado com uma ucraniana, ele relata o que precisou superar neste período

– Foram quatro anos no Metalurg Zaporizhzhya. Sofri bastante com preconceito, não aparecia. Recebi críticas porque em uma entrevista disse que tive problemas de racismo no campo e fora dele. Acontece em todo o mundo. Não estou aqui para levantar nenhuma bandeira, estou aqui por ser capacitado. É uma bandeira da categoria de (técnicos) brasileiros que buscam oportunidade, apesar de ser uma categoria que não é muito unida – afirmou Gilmar.

Gilmar Tadeu no comando do FC Lviv (Foto: Divulgação)

Com sua chegada no time profissional do FC Lviv, e um contrato de dois anos com a chance de ronovar por mais uma temporada, Gilmar Tadeu vem conquistando seu espaço entre os fãs da equipe. Vem sendo requisitado para fotos e autógrafos, avalia que tem uma boa estrutura à disposição e deixa claro que seus objetivos como treinador estão traçados. Por conta disso, ressalta a importância da preparação que o técnico precisar ter para trabalhar na Europa, dando dicas para os brasileiros:

– Eu tenho o sonho de disputar a Liga dos Campeões e a Liga Europa. A estrutura (do clube) tem tudo o que a gente precisa. O treinador tem que pensar no que espera para o futuro, claro que não é qualquer um que pode parar e estudar por quatro anos (para ter o diploma da Uefa). É a primeira barreira, mas quem for bem aqui abre portas. Tenho amigos europeus que me perguntam como é o treinador brasileiro.

A competição terá a terceira rodada neste fim de semana, na qual o FC Lviv enfrentará o Vorskla, neste sábado, fora da de casa. A equipe de Gilmar Tadeu venceu o Arsenal Kiev por 2 a 0 na primeira rodada, depois perdeu por 1 a 0 para o Dínamo de Kiev. O FC Lviv conta com sete jogadores brasileiros, um espelho do que vem acontecendo com o Shakhtar Donetsk nos últimos anos, garante Gilmar Tadeu:

Gilmar cumprimenta fã do FC Lviv (Foto: Divulgação)

– Vencemos na estreia, depois fizemos o melhor jogo dos últimos tempos contra o Dínamo. Dez mil pessoas nos jogos, para a Ucrânia é um bom público. Muita gente empolgada. É muito bom esse clima, estamos recebendo muito apoio. O clube tem um projeto parecido com o que o Shakhtar Donetsk fez, de contratar jovens brasileiros. O dono é um homem de negócios, nosso diretor esportivo também é brasileiro, William Batista. Jogou 14 anos na Ucrânia.

Entre os vários clubes que defendeu na carreira, dentro e fora do Brasil, Gilmar Tadeu fez amizade com o pai de Neymar, com quem jogou por três anos no Mogi das Cruzes. O contato segue, mas não com tanta frequência como em outros tempos:

– Falo com ele (Neymar pai) às vezes. Se tornou um homem de negócios, então trocamos mensagens, é um cara bastante ocupado. Também joguei com Fernando Prass na Francana. Joguei em muitos times médios, é verdade, mas issou ajudou demais na minha formação como profissional e homem. E logo também vi que meu horizonte era seguir no futebol, os mais experientes sempre apontavam que eu tinha característica de liderança, de orientar. Quando parei, logo comecei a me preparar.

Técnico brasileiro dá autógrafo para torcedor (Foto: Divulgação)

A primeira experiência de Gilmar como técnico foi em um projeto social, a Academia Internacional de Futebol Projeto Bilu. Na África do Sul, em 2009, a equipe sub-17 da academia venceu um torneio que abriu as portas do mundo para o treinador. Na sequência, seguiu para a Ucrânia onde começou seu trabalho nas categorias de base do Metalurg Zaporizhzhya até chegar ao cargo de assistente do time principal. Ele também passou por União Mogi, Osvaldo Cruz, Gizan Samtah (Arábia Saudita) e Chao Pak Kei (Macau) antes de assumir o comando do FC Lviv.

Acesse e leia nossos “Relatório Anual da Discriminação Racial no Futebol” 20142015 e 2016, com os casos de preconceito e discriminação no esporte brasileiro aqui

Fonte: GloboEsporte

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