A Liga Nacional de Football Porto Alegrense, que ficou conhecida, jocosamente, como Liga da Canela Preta ou dos Canelas Pretas, foi fundada em Porto Alegre no final dos anos de 1910, para congregar times de futebol formados, na sua maioria, por jogadores negros.

O futebol em Porto Alegre iniciou em 1903, na oportunidade, o S.C. Rio Grande veio à capital para jogar contra um selecionado local. Como aconteceu em todo o país, o “esporte bretão” foi trazido por imigrantes e era praticado, inicialmente, pela elite econômica do Estado. Em Porto Alegre não foi diferente, as agremiações eram formadas por jogadores de origem europeia e com alto poder aquisitivo. Mas, como o esporte tinha regras simples e precisava de poucos apetrechos para a sua prática, rapidamente chamou a atenção das classes mais empobrecidas e passou a ser praticado por elas. A população da periferia da capital, formada por operários, funcionários públicos de baixo escalão, subempregados, imigrantes e negros pobres, obviamente, também passaram a organizar os seus times e associações de futebol.

A Liga da Canela Preta era formada por times altamente organizados com diretorias, conselho consultivos, técnicos e grande número de torcedores que pagavam mensalidades e ingressos nos melhores jogos.

Nas décadas de 1910 e 1920, também existiram ligas de futebol para congregar os times de maioria negra também nas cidades de Rio Grande e Pelotas, respectivamente, as ligas Rio Branco e José do Patrocínio.

A situação socioeconômica da maioria da população negra no Estado era precária. Em Porto Alegre, recém saídos da escravidão, os negros ocupavam os espaços da cidade em piores condições de moradia, como a Colônia Africana e o Areal da Baronesa. Trabalhavam nos empregos que exigiam maior força bruta como vendedores, entregadores, artesãos, mas também em algumas atividades especializadas como costureiros, sapateiros, barbeiros, tipógrafos, e em alguns casos, como funcionários públicos de baixo escalão.

Fonte: José Antônio dos Santos, historiador.

Conheça José Antônio dos Santos na entrevista que fizemos com ele.

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