Racismo no futebol: é preciso punir

Na semana passada, o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Edinaldo Rodrigues, propôs que times percam pontos na tabela das competições de que participam em função de casos de racismo. “Não há espaço para racistas no século XXI”, afirmou. Há questionamentos legais se os clubes podem ser punidos por crimes cometidos por jogadores ou torcedores, mas é inegável que a impunidade alimenta o comportamento criminoso.

Somente no ano passado, foram relatados 64 casos de discriminação e/ou injúria racial, de acordo com relatório do Observatório do Racismo no Futebol. Em oito meses deste ano, esse número já foi igualado, e 2022 deve terminar superando o recorde registrado antes da pandemia, de 70 casos em 2019. Isso, entre os episódios que se tornaram públicos.

Leia: “Relatório Anual da Discriminação Racial no Futebol 2021

O futebol, como um microcosmo da sociedade, é capaz de refletir o melhor e o pior das pessoas. Infelizmente, o segundo acaba sobressaindo. Chamar jogadores ou juízes de “macaco”, oferecer bananas, cometer ofensas e até agressões físicas são crimes previstos no Código Penal, não um “deslize na emoção da partida” ou “influência da multidão”. Como tal, deve ser punido.

Mas não é o que ocorre. O caso exemplar foi o perdão concedido pelo STJD ao Brusque, que havia perdido 3 pontos na Série B de 2021 pela injúria racial cometida por um dirigente licenciado contra o meio-campista Celsinho. Perdão dado – para coroar o desrespeito – na semana em que se comemorou o Dia da Consciência Negra.

Parafraseando o presidente da CBF, não há espaço para a impunidade, e os crimes raciais, sejam eles cometidos por dirigentes, jogadores ou torcedores, devem acabar, não apenas nos estádios, mas em toda a sociedade. Para isso, a certeza da punição é primordial.

Acesse e leia nossos “Relatório Anual da Discriminação Racial no Futebol” 2014201520162017201820192020 e 2021 com os casos de preconceito e discriminação no esporte brasileiro aqui.

Fonte: O Tempo