Apátrida, racismo e serviço militar: a rica história do grego Giannis Antetokounmpo
São 2,21m de envergadura. E 108kg distribuídos em 2,11m. Giannis Antetokounmpo, 24 anos, é um monstro. E o apelido de “Greek Freak” (“Aberração Grega”) não é à toa. Atlético, habilidoso e mortal no ataque, o grego tornou-se o primeiro MVP da NBA a participar da Copa do Mundo de basquete na mesma temporada. Na primeira fase do Mundial da China, a defesa do Brasil conseguiu parar a fera.
“Eu trocaria o título de MVP da NBA pela medalha de ouro na China com a Grécia”
Sem pátria
Antetokounmpo nasceu em Atenas, na Grécia, mas é filho de pais nigerianos que imigraram em 1991 para o país buscando melhores condições de vida. Hoje, Giannis é um cidadão do mundo, mas até os 18 anos, acredite, ele não tinha um país para chamar de seu. Sim, o ala não tinha documentos nigerianos nem gregos. Sua cidadania só foi retirada em 9 de maio de 2013, muito por conta do Draft da NBA naquele ano, quando foi selecionado pelo Milwaukee Bucks. Depois disso, tornou-se um herói do país, passou a defender a seleção e faz questão de mostrar suas raízes gregas sempre que pode.
“Quando você veste a camisa da Grécia e ouve o hino nacional é até difícil explicar a sensação”
Serviço militar
Quem disse que ser uma estrela da NBA é o suficiente para fugir do serviço militar obrigatório? Em julho de 2016, já com três anos de liga americana, Giannis Antetokounmpo teve que passar por três meses de serviço obrigatório no Exército da Grécia. A única colher de chá que teve foi um programa reduzido, já que normalmente esse período dura mais. Também por residir no exterior, teve direito a esse benefício.
“Como irmãos nós tentamos basicamente fazer com que sempre sejamos melhores”
Fã de futebol
Antetokounmpo adora futebol, como um bom grego. E é torcedor fanático do Olympiacos. Sempre que pode, acompanha os jogos da equipe nos Estados Unidos. E vez ou outra aparece usando a camisa do time de coração. Seu pai, Charles Antetokounmpo, foi inclusive um jogador de futebol. E sua mãe foi saltadora. Isso talvez explique a genética do Greek Freak.
Infância simples
Como imigrantes na Grécia, os pais de Antetokounmpo não encontravam emprego facilmente. Assim, ele cresceu ajudando a família e trabalhou desde cedo. Ainda menino, ajudava os irmãos como camelô, vendendo relógios pelas ruas de Sepolia. Também vendia bolsas e óculos de sol. Ele começou a jogar basquete em 2007 e, em 2009, começou em seu primeiro clube amador, o Filathlitikos.
Racismo
A família de Antetokounmpo e o próprio jogador sofreram com o racismo. O “Golden Dawn”, partido político de extrema direita, atacou o primeiro ministro da época por conceder ao jogador a cidadania grega. Antes disso, na adolescência, teve que fugir para não apanhar quando, numa noite, ficou cara a cara com um grupo de skinheads. A cidade de Sepolia, onde cresceu, era reduto de imigrantes e repetidas vezes sofria com racismo e indiferença do governo grego.
Monstro das estatísticas
Giannis não é apenas o atual MVP da NBA. Ele vem acumulando recordes na liga americana. Em dezembro de 2016, tornou-se o único jogador nas últimas 30 temporadas com menos de 22 anos a registrar 30 pontos, cinco assistências e cinco rebotes. Em 2019, tornou-se o quinto estrangeiro a ser eleito MVP da NBA. E o segundo europeu. Tem também três aparições no All Star Game da NBA. Em 2017, foi o jogador que mais evoluiu na liga americana.
Acesse e leia nossos “Relatório Anual da Discriminação Racial no Futebol” 2014, 2015, 2016, e 2017 com os casos de preconceito e discriminação no esporte brasileiro aqui
Fonte: GloboEsporte